Roberto Carlos e a era dos “Galácticos”
Em 1996 após uma curta e decepcionante passagem pela Inter de Milão, o lateral esquerdo que havia brilhado no Palmeiras Roberto chega para assinar contrato com o Real Madrid. Quase de imediato Roberto Carlos conquista os torcedores madridistas com suas subidas ao ataque e chutaços de fora da área. Além disso, em três anos de clube, o brasileiro conquista o título que era obsessão do clube há mais de 30 anos, a Champions League.
Enquanto os anos iam se passando e o brasileiro se firmando cada vez mais na equipe, ocorria nos bastidores uma disputa presidencial que afetaria e muito o rumo do clube.
Em 1995, Lorenzo Sanz assumiu a presidência do Real com a missão de recuperar as finanças e o futebol do clube, após Ramón Mendoza ser forçado a renunciar pelo péssimo rumo que levou um dos maiores clubes do mundo. Apesar da gigantesca dívida que o clube detinha, Sanz decidiu investir do próprio bolso para trazer jogadores de estrela como Suker e Mijatovic, além de outros sem tanto renome internacional como o próprio Roberto Carlos. As contratações surtiram efeito e o Real conseguiu vencer a Champions League duas vezes em seu mandato, 1997/1998 e 1999/2000
Dias após a conquista da segunda Champions houve a eleição para a presidência, em que Sanz tentou reeleição muito confiante pelos dois títulos europeus conquistados. No entanto, os títulos não foram suficientes para mascarar a contínua má gestão financeira que permanecia no clube e o eleito dessa vez foi Florentino Pérez, que havia focado toda sua campanha nos problemas financeiros e a promessa de tirar Luís Figo do Barcelona.
Com Florentino Pérez assumindo o clube e a contratação de Figo se inicia o período dos “Galácticos” no Real Madrid. O treinador ainda era Vicente Del Bosque, que havia conquistado a última Champions pela equipe e a cada ano uma estrela era contratada pelo Real. O clube já contava com Raúl, Roberto Carlos, Casillas e em 2001 contrata o meio-campista Zinedine Zidane por 75 milhões de euros, nessa que seria a contratação mais cara da história do futebol por muitos anos.
Logo no primeiro ano de Zidane, o Real conquista mais uma Champions League com direito a duas assistências de Roberto Carlos, a segunda delas para um golaço do francês, confirmando o título aos merengues.
Nos anos seguintes, Florentino Pérez manteve sua política, contratando uma estrela por ano, com a chegada de Ronaldo em 2002, David Beckham em 2003, Michael Owen em 2004, Robinho, Júlio Baptista e Sérgio Ramos em 2005 e fechando com Antonio Cassano em 2006. Mesmo com esse time recheado de estrelas, o Real Madrid chega a ficar 3 anos sem um título sequer.
Ao final da temporada 2002/2003 o presidente decide não renovar o contrato do técnico Vicente del Bosque. Depois disso o Real passou por 6 técnicos em 4 anos com apenas dois títulos.
O último deles foi o italiano Fabio Capello que encerra a era dos Galácticos com o título do campeonato espanhol. Nesses anos de jejum do clube da capital espanhola o Barcelona comandado por Ronaldinho assume protagonismo na Espanha e na Europa com dois títulos de La Liga e um de Champions League.
A era dos galácticos, ao invés de ficar marcada pelo clube demonstrando um grande futebol com o show de craques internacionais, ficou com a demonstração de quão importante é a administração de egos em um clube de futebol e que principalmente, que dinheiro investido não vence partidas e campeonatos.